Quando tomamos uma boa água de coco seja “in natura” direto do fruto ou “envasada”, não temos ideia de como o coqueiro foi introduzido no Brasil. Isto mesmo. Quando Cabral chegou por aqui não havia coqueiros. Por aqui predominada a mata atlântica tropical.
O coqueiro não existia, no Brasil, quando da sua descoberta pelos portugueses em 1500. E as primeiras referências aparecem no “Tratado Descriptivo do Brasil”, escrito por Gabriel Soares de Souza em 1587, que diz: ‘’As palmeiras que dão os cocos se dão bem na Bahia, melhor que na Índia, porque metendo um coco debaixo da terra, a palmeira que dele nasce dá coco em cinco e seis anos, e na Índia não dão, estas plantas, frutos em vinte anos”.
Introdução do coqueiro gigante
O coqueiro gigante foi introduzido pela primeira vez no Brasil em 1553, no Estado da Bahia, sendo procedente das ilhas de Cabo Verde. A origem remota desse material seria a Índia ou Sri Lanka de onde cocos teriam sido introduzidos em Moçambique. Esta hipótese se acha confirmada pela semelhança entre o coqueiro do Oeste da África e o coqueiro Gigante de Moçambique. A segunda introdução aconteceu em 1939 com a variedade cabocla proveniente de Kuala Lampur na Malásia e importado por Paulo Burle e Carlos Browne através do porto do Rio de Janeiro e plantados no Município de Cabo Frio.
A terceira introdução foi realizada pela Ceplac, em 1978, com o coqueiro Gigante Oeste Africano, procedente da Costa do Marfim, decorrente de um convênio com o IRHO (Institute de Recherches Pour Les Huiles et Oleagineux.), substituído pelo CIRAD (Centre de Coopération Internationale em Recherche Agronomique pour le Développement).
A quarta introdução ocorreu em 1981, quando a Sococo importou o coco gigante Oeste Africano para montar um campo de produção de híbridos no Pará.
A quinta introdução aconteceu em 1983. A Embrapa importou da Costa do Marfim várias populações para constituir o Banco Ativo de Germoplasma que se encontra instalado em Sergipe, com os seguintes acessos: a) Oeste Africano b) Rennel c) Rotuma d) Tonga e) Polinésia f) Vanuatu g) Malásia.
Fonte: EMBRAPA | Documento #47
Autoria: Luiz A. Siqueira, Wilson M. Aragão, Evandro A.Tupinambá
Introdução do coqueiro anão
A introdução do coqueiro anão no Brasil é atribuída aos Drs. Arthur Neiva e Miguel Calmon (Gomes, 1944). Em 1920 ,o pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, Dr.Arthur Neiva, fez uma viagem de um mês ao Oriente para estudar o coqueiro e a seringueira. Ao retornar, atendendo ao Dr. Miguel Calmon, fez conferência na Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio de Janeiro, em 27 de dezembro de 1921. Na qual fez referência à variedade de coqueiro anão. “Fala-se muito no Oriente e escreve-se ainda mais nos seus livros e revistas do Nyor Gading” nome malaio para a variedade conhecida dos ingleses por “king coconut” e que segundo Munro, desde 1912, começou a ser plantado nos Estados Malaios.
Trata-se de uma variedade de coqueiro anão capaz de maior rendimento. Tal variedade de coco apareceu, apenas, há 30 anos na Malásia; tendo visto exemplares esparsos em vários pontos; porém, nenhuma plantação.
Dr. Miguel Calmon, quando era Ministro da Agricultura apoiou-se nessa conferência de Arthur Neiva para importar das Índias, em 1925, várias centenas de mudas do coqueiro anão verde, que foram distribuídas pelos Estados do Norte. Na Bahia, a Sociedade Bahiana de Agricultura recebeu uma dezena de mudas que foram plantadas no Horto do Retiro. Outra dezena de mudas foi plantada no Campo Experimental em Ondina e na Estação Experimental de Água Preta (Uruçuca). No Estado do Rio, as mudas foram plantadas na Estação Experimental do Governo Federal em Deodoro.
Plantaram-se as mudas como se planta o coqueiro gigante, sem adubação e, decorreram anos sem que a precocidade e a produção despertassem interesse. Bondar (1955), quando estava na diretoria da Estação de Água Preta, encontrou o coqueiro anão fortemente praguejado pelos insetos e sem nenhum fruto. Combateu as pragas e adubou com cinzas e lixo da cidade. Já com um ano após o tratamento, o coqueiro se recuperou e chegou a produzir 400 cocos de tamanho regular chegando à maturação. Publicaram-se fotografias pela imprensa e iniciou-se a distribuição de sementes e mudas, começando a despertar o interesse pelo coqueiro anão. Muitas mudas desse pé foram remetidas para diversos Estados do Brasil entre os quais, São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Para Sergipe, Dr. Lauro Montenegro, quando era diretor do Campo de Sementes de Coqueiro, trouxe em 1934 dez frutos que originaram cinco coqueiros. Esse campo foi transformado, posteriormente, em Subestação Experimental de Aracaju.
Os frutos foram originados da primeira geração de cocos importados, pertencentes ao Dr. Samuel Hardman da Fazenda Estiva em Pernambuco, que recebeu do Ministro da Agricultura dois pés. Em 1939, foi feita nova introdução com frutos daquela propriedade. De Sergipe, o coqueiro anão foi distribuído para vários Estados (Miranda Júnior, 1940).
A segunda introdução ocorreu em 1938, quando Paulo Burle e Carlos Massy Browne introduziram, no Estado do Rio, a variedade Nyor Gading, importando diretamente da Malásia sementes de matrizes selecionadas. De acordo com Peixoto (1973), tratava-se da variedade de cor amarela e foram plantadas nos municípios de Araruama e Cabo Frio, no Estado do Rio. Além dessa variedade os mesmos interessados importaram, em 1939 outras três cultivares: a vermelha, a verde e uma variedade gigante, chamada de caboclo, cujos frutos eram muito grandes, chegando alguns deles a fornecer até cinco copos de água.
A terceira introdução foi realizada em 1939, também por Paulo Burle e Carlos Massy Browne, que importaram outras três cultivares: a vermelha, a verde e uma variedade gigante, cujos frutos eram muito grandes, chegando alguns deles a fornecer até cinco copos de água, e foi chamado de caboclo.
A quarta introdução ocorreu em 1978, através da Ceplac, que em convênio com o extinto IRHO, França, importou sementes de anão amarelo da Malásia e anão vermelho de Camarões, visando a formação do campo de produção de sementes, cujo plantio foi realizado na Estação Experimental Lemos Maia em Ilhéus, BA.
A quinta introdução ocorreu em 1981, quando a Sococo importou da Costa do Marfim o anão amarelo da Malásia, visando instalar no município de Moju, PA um campo de produções de híbridos.
A sexta importação foi realizada pela Embrapa, em 1982, que trouxe da Costa do Marfim para sua coleção, em Sergipe, os anões amarelo e vermelho da Malásia e o anão vermelho de Camarões.
Fonte: EMBRAPA | Documento #47
Autoria: Luiz A. Siqueira, Wilson M. Aragão, Evandro A.Tupinambá